quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Como é que a gente pode ser feliz assim?

Tenho uma noção de mundo que vai mudando como a posição do sol num dia nublado: só percebo que mudou quando dá uma clareada no tempo.

Quando saí de casa fiz uma lista. Eu tinha metas e objetivos que pretendia cumprir em 10 anos, a partir daquele maio de 2004; está em algum lugar, em alguma mala que deixei por este país, mas eu lembro dos itens:
  1. Conseguir o intercâmbio na França: foi a única razão para eu ter feito Engenharia Biomédica.
  2. Entrar numa empresa que eu era (sou) fã e virar executivo um dia.
Do alto da minha (in)experiência posso dizer que a pior coisa que podia ter acontecido era alcançar os dois objetivos. Hoje falta a metade do segundo, mas é uma parte que não quero mais, porque eu odeio a simples ideia de gestão. O intercâmbio me fez perder o foco, ter mais sentimento que razão e me deu um monte de motivos para questionar o que faço e o que sou. Entrar numa empresa que eu admiro e virar executivo teria me tirado do chão, sem volta.

Fico feliz em ter virado um peão qualificado, como a gente se chama no trabalho. Quando seu trabalho tem um resultado físico, palpável, você tem escrito "fazendeiro" no nome e passou grandes momentos da infância numa carpintaria, dá pra trabalhar e não ver o tempo passar.

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